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Surdos sabem ler e escrever?

Atualizado: 17 de fev. de 2022


A língua de sinais é a língua natural para a pessoa surda e funciona como suporte do pensamento. Ela é o seu meio de comunicação e através dela ele pode pensar planejar, sentir e aprender outras línguas. As crianças surdas filhas de pais surdos têm acesso à língua de sinais desde o nascimento.


Embora seja sua língua natural, não é nessa língua que ele deverá aprender a ler e escrever. A língua de sinais é visual e espacial e a língua oficial do país é auditiva e oral, o que determina que os canais de recepção e emissão sejam diferentes.


Como consequência, o aprendizado da leitura e escrita para os surdos será diferente das pessoas ouvintes. Sua leitura de mundo é feita através de experiências visuais e concretizadas em sua língua natural. No aprendizado da leitura e escrita é necessário ir do mundo para o texto, dos conhecimentos concretizados na língua de sinais e que deverão ser traduzidos para o português.


Aprender a Língua Portuguesa é fundamental para ocorrer o letramento. Para os surdos, o processo de leitura e escrita é complexo e exigirá do educador estratégias específicas.


As dificuldades enfrentadas pelos surdos vão desde a educação infantil até o ensino médio, gerando muitas vezes desânimo, culminando com a evasão do aluno.


Como parte fundamental do processo, o professor deverá considerar o conhecimento que seu aluno tem de mundo e que será útil na aquisição de uma segunda língua. Esses conhecimentos prévios estão relacionados a sua história de vida, o que trazem na memória e suas experiências.


De acordo com Libras (2021), o SignWriting caracteriza-se em um sistema que permite ler e escrever qualquer língua de sinais sem a necessidade de tradução para uma língua oral. Ela expressa os movimentos, as forma das mãos, as marcas não manuais e os pontos de articulação através de símbolos que são combinados para formar um sinal específico da língua de sinais. Cada símbolo representa uma concepção visual: mãos, movimento, dinâmica, tempo, cabeça, rosto, tronco ou membro. Os símbolos são combinados para formar um sinal específico.


Qual a importância do SignWriting?

Antigamente, usuários da língua de sinais não tinham como escrever na sua própria língua. Isto quer dizer que para escrever precisavam usar uma língua oral. Nesta língua a maioria dos surdos encontram muitas dificuldades de expressão, mesmo depois de muitos anos de escolaridade. Com a SignWriting, existe a possibilidade dos surdos escreverem no seu próprio idioma, sem terem de usar uma língua oral.


Em 2017 foi publicado o livro Dicionário da Língua Portuguesa de Sinais: A Libras em suas Mãos - 3 Volumes, dos autores Fernando César Capovilla, Walkiria Duarte Raphael, Janice Temoteo e Antonielle Cantarelli. Este Dicionário documenta mais de 13 mil sinais de Libras, trazendo os verbetes correspondentes ao sinal em português e inglês, a definição do significado do sinal e dos verbetes, ilustrações e a descrição detalhada da forma do sinal, além de exemplos ilustrativos do uso funcional apropriado do verbete em frases e a especificação do escopo de validade geográfica em relação aos estados brasileiros. Contém a escrita visual direta do sinal em SignWriting. Este livro exigiu 25 anos de pesquisas.


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